Aborto não é contracepção

Ontem deixei no blogue uma pergunta concreta, que foi, até ao momento, recebendo algumas respostas.
O carácter paradigmático das mesmas faz-me erigir em post um comentário global sobre elas.
Enquanto uns se furtam à resposta, dizendo que ela envolve um exercício de futurologia (devo alertar que, se estamos a falar de uma norma legal, há sempre uma tarefa de previsão – referencialmente polarizada no futuro – que se impõe), outros avançam com soluções, que passam pelo reforço da educação sexual.
Atacar-se-ia o problema na sua raiz. Agrada-me a solução. Confesso, porém, não perceber por que razão ela só é válida para esta hipótese concreta, deixando de o ser, segundo os arautos do sim, para a generalidade dos casos.
E a dúvida que se concita leva-me a pensar, novamente, que a defesa do sim passa pela incompreensão da materialidade que subjaz ao exercício da liberdade humana, indissociável da correspondente responsabilidade.
Ninguém afirma que uma mulher deva ser mãe à força. Apenas se advoga que a autodeterminação para a maternidade se joga a montante, no momento da relação sexual. É aí que a gravidez pode, pela necessária ponderação dos riscos envolvidos, ser evitada. Considerar o contrário, dizendo que a mãe pode abortar porque sim, porque não dá jeito ser mãe, é querer transformar o aborto num método contraceptivo de último recurso. É isso que os militantes do sim defendem, como se pode constatar pelas respostas referidas. É isso que rejeitamos liminarmente.

Comentários:
"Considerar o contrário, dizendo que a mãe pode abortar porque sim, porque não dá jeito ser mãe, é querer transformar o aborto num método contraceptivo de último recurso."



se calhar podia reler o meu comentário, e dos outros supostos defensores do sim, bem como ler os demais comentários que por este blog tenho deixado... verá que nunca mencionem o "aborto porque sim" ou o "aborto como método contraceptivo", vexes é que teimam introduzir essas "ideias" nos nossos discursos "simplistas" e pobres de defesa pelo sim à IVG. É fácil defendermos uma ideia nossa com recurso, volto a referir, a um discurso altamente estilizado, intelectual, imperceptível, e reduzir as ideias contrárias a tão somente duas categorias: o aborto porque sim e o aborto como método contraceptivo. Reducionismo intelectual, dá sempre jeito para uma sociedade da informação... findando-se, assim, a verdadeira sociedade do conhecimento e do esclarecimento.


R.
 
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pela necessária ponderação dos riscos envolvidos, ser evitada. Considerar o contrário, dizendo que a mãe pode abortar porque sim, porque não dá jeito ser mãe, é querer transformar o aborto num método contraceptivo de último recurso. É isso que os militantes do sim defendem, como se pode constatar pelas respostas referidas. É isso que rejeitamos liminarmente.
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Aboslutamente de acordo.

Descobri este Blog e outros sobre o mesmo tema depois dum programa que a TV transmitiu na semana entre o Natal e o Ano Novo.
 
Dado que a pergunta que vai a referendo não põe qualquer condição excepto a vontade da mulher, as dez semanas e o estabelecimento autorizado, a discussão é de facto sobre o aborto a pedido. Basta querer para e estar nas dez semanas para o poder efectuar.
 
Anonymous (8/1/07 17:22).

Segundo o gabinete do Ministro da Saúde, afinal não será apenas até às 10 semanas mas sim até às 12. O prazo de 10 semanas é para fazer o pedido, mais 2 semanas para o SNS dar resposta.
(fonte JN)

Segundo a lógica do Ministério da Saúde, se os recursos disponíveis apenas permitirem uma resposta em 6 semanas, o aborto poderá ser realizado no SNS até às 16 semanas.
 
O princípio dos meios contraceptivos é o mesmo do de um aborto: não haver uma criança indesejada.
Posto isto, não há maneira de dizer que o aborto NÃO É (mais) uma forma de contracepção.
 
ana a,

O princípio de trabalhar é o mesmo do de roubar: arranjar dinheiro.
Assim, não há maneira de dizer que trabalhar NÃO É roubar. Ou será, não há maneira de dizer que roubar NÃO É trabalhar?

O princípio do divórcio é o mesmo de matar o conjuge: deixar de estar casado.
...

Percebe onde quero chegar?

O princípio dos meios contraceptivos é não engravidar. O do aborto é terminar uma gravidez. São dois princípios bastante diferentes.
 





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